terça-feira, 28 de julho de 2009

Só se há ré



Pois bem, aqui começa a ilusão de um sistema fajuto, ultrapassado, apolitizado, mercenário e acima de tudo sem perspectivas.

Um sistema que mistura corrupção e poder, acredito que assim como inúmeros setores da sociedade. O sistema que trata o homem como bicho, e que faz a sociedade acreditar que dessa maneira eles devem ser tratados, como animais enjaulados, que pagam pelos seus erros vivendo a humilhação e o descaso. O pior é perceber que aos olhos da sociedade, o indivíduo deve pagar pelo que faz sofrendo ainda mais em relação ao crime que havia cometido, comendo o “pão que o diabo amassou”.

É justamente este o café da manhã dos “bichos”, pão dormido de 3,4,5 dias todo esfarelado sem qualquer tipo de acompanhamento; às 4 da tarde eles fazem sua última refeição, uma papinha de farinha de trigo e outras coisas que não sei ao certo o que parece ser.

A hora do sono chega e ao se deitar se vêem em meio a uma cela de 3m x 4m com capacidade para 2 ou 3 pessoas, mas ocupada por 14 a 17 homens que se deitam em redes, uma acima da outra, espalhados pelo chão, ou até mesmo ao lado do que chamam ser sanitário, que a descarga não funciona, sendo um simples buraco aberto no chão.

A nossa constituição preza pelo princípio da dignidade da pessoa humana, pelo homem enquanto ser social capaz de conviver harmonicamente em sociedade. Será que um indivíduo que convive veementemente com o descaso é ressocializado?

A resposta é óbvia, estas pessoas retornam para sociedade, como seres revoltados, sem perspectiva, haja vista que o preconceito é a maior arma da população contra estas pesssoas.

Não estou aqui para defendê-los, nem mesmo dizer que eles devam entrar numa penitenciária de luxo, todavia eles precisam ser recuperados, precisam conviver com o mínimo necessário para terem sua dignidade respeitada, para que sua privação de liberdade seja o real preço que eles devam pagar pelos erros cometidos perante o meio social. Se não ressociar vai ficando pra trás, nos chãos sujismundos das peniteciárias, quando na verdade só se há ré.